Um leão foi avistado no Parque Nacional do Zinave, na província de Inhambane, no sul de Moçambique, pela primeira vez em várias décadas.

A administração do parque revelou que uma armadilha fotográfica capturou recentemente a imagem de um leão macho, que entrou voluntariamente no santuário de 18.600 hectares que foi estabelecido dentro do parque, atraído pelo habitat rico em presas.

Para a ANAC, isto é uma prova da “notável restauração desta natureza outrora silenciosa” com “o estabelecimento de ecossistemas saudáveis que atraem naturalmente o principal predador de África”.

Durante a última década, o parque passou por intensa restauração e reintrodução de espécie e viu mais de 2.300 animais de caça serem reintroduzidos no santuário, incluindo 200 elefantes. Além disso, quatro hienas pintadas e dois leopardos foram recentemente transferidos para o parque.

Este programa de realocação foi acelerado após a assinatura, em 2015, de um acordo de co-gestão de 20 anos entre a Administração Nacional de Áreas de Conservação (ANAC) de Moçambique e a Peace Parks Foundation. O objetivo final é recuperar todo o parque de 408.000 hectares e desenvolver o ecoturismo para sustentar os custos operacionais.

O Parque Nacional do Zinave faz parte da Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo, que também inclui os parques nacionais de Banhine e Limpopo em Moçambique, o Parque Nacional Kruger na África do Sul, o Parque Nacional de Gonarezhou no Zimbabwe e várias outras áreas de conservação estatais e privadas nos três países.

Segundo o Administrador do Parque Nacional do Zinave, António Abacar, o aparecimento de leões no Zinave é uma prova de que os objectivos de criação da Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo estão a ser alcançados. Ele disse que “um dos objetivos declarados era melhorar a integridade do ecossistema e os processos ecológicos naturais e remover barreiras artificiais que impedem o movimento natural da fauna bravia”.

Abacar acrescentou que, “com a contínua restauração e o desenvolvimento constante dos três parques nacionais na componente de Moçambique, era apenas uma questão de tempo para que a fauna começasse a mover-se naturalmente entre estas áreas protegidas, mas ver isto acontecer agora na realidade, é uma questão de importante marco de conservação”.

Para Maria Cidalia Mahumane da ANAC, “este é um momento extremamente emocionante para o Zinave e para a conservação em Moçambique como um todo. Os extensos esforços que a ANAC e a Peace Parks Foundation direcionaram para restaurar e gerir o parque levaram a alguns resultados incríveis, e a presença de leões é outro indicador claro da saúde ecológica do Zinave”.

O gestor de projetos da Peace Parks Foundation, Bernard van Lente, explicou que “a desestabilização e a falta de presas num ecossistema são as principais razões para a ausência de grandes carnívoros numa área. Desde que o parque iniciou a reintrodução de animais, e devido aos esforços de protecção bem-sucedidos, o número de animais cresceu rapidamente e o ecossistema estabilizou-se o suficiente para acolher novamente os predadores de ponta”.

Ele acrescentou que, “com a abundância de presas e o ambiente seguro disponível, o facto de o parque ser capaz de sustentar grandes carnívoros é muito encorajador, e não será muito surpreendente se mais leões, leopardos, mabecos e chitas começarem a fazer aparições esporádicas, além dos carnívoros que deverão ser reintroduzidos no parque nos próximos anos”.

A Peace Parks Foundation salientou que, ao longo do último século, os leões desapareceram de 95 por cento da sua área de distribuição histórica e lamentou que “mais de 200.000 leões já tenham vagado por África. Agora, estima-se que apenas restam entre 23.000 e 39.000, devido à destruição do habitat, ao conflito entre humanos e animais selvagens, à caça furtiva e ao envenenamento”.

Tags:

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

You may use these <abbr title="HyperText Markup Language">HTML</abbr> tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*